Arte Pop

Arte Pop ou Pop Art é um movimento que acontece predominantemente nos anos 50 e 60, influenciado pelo Dadaísmo e pelo ambiente histórico pós-guerra em que estava inserido. Essa arte criticava principalmente a massificação dos elementos de consumo diário, realizada através da propaganda e a valorização exagerada de ícones populares da música, televisão e do cinema

Contexto histórico

Ainda durante a 2ª Guerra Mundial, a propaganda começou a ser utilizada exageradamente pelos norte-americanos para impor a idéia de que a participação dos Estados Unidos na guerra era ideal e justa. Para isso, estimulavam o patriotismo e buscavam homens para aumentar o contingente nas frentes de batalha. Funcionou a tal ponto, que precisaram convocar trabalhadores nas indústrias para que sua produção se mantivesse estável. Dessa forma, muitas mulheres passaram a trabalhar na indústria estadunidense.

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No pós-guerra, a propaganda exaltava em especial os ícones do cinema e da música no incentivo ao consumo e ampliaram o sentido de consumo com o ideal do “Modo de vida americano”, no qual comprar um produto inspirado no seu ídolo era essencial.

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Surgiram nesse plano de fundo, movimentos de contracultura, em especial a Geração Beat, que exercia uma postura oposicionista diante da idéia consumista e da cultura pop da época. Esse movimento influenciou muitos artistas e se desdobrariam décadas depois em outros movimentos como o hippie.

Os artistas Pop se aproximavam desses movimentos pela sua ideologia que é contra a cultura de consumo rápido e descartável e apresentavam ainda uma arte que buscava novos meios de comunicação com o público, valorizando o signo como meio mais simples de atingi-lo. Em geral, suas obras, fazem alusões a elementos publicitários, sobrepondo a técnica e isolando determinado artigo de seu meio natural, gerando estranhamento e frieza, tal como deveria ser tratado o modo de vida acelerado e indiscriminado do período, décadas de 50 e 60.

Influências artísticas

A Arte Pop foi muito influenciada pelo Dadaísmo de Marcel Duchamp, uma vez que, assim como ele, trata os objetos da vida cotidiana como arte. Retiram esse objeto do seu contexto original, dando-lhe outro sentido (ready-mades); fora do seu contexto, aquele objeto passa a ser mais um de muitos (tal como produtos industriais em série) e ao mesmo tempo, passa a ser o algo único, especial.

Ideologia e técnicas

A Arte Pop é marcada pela arte figurativa, em oposição ao expressionismo abstrato que dominava a cena estética desde o final da segunda guerra. Sua iconografia era a da televisão, da fotografia, dos quadrinhos, do cinema e da publicidade. Ela é também objetiva na sua construção, mas não se utiliza de uma técnica específica, ao contrário, essas são diversas assim como os materiais. Em geral são utilizados colagem, tipografia, silkscreen, aumento de dimensões e as cores figuravam como elementos marcantes e os materiais eram práticos como tinta acrílica, espuma, poliéster, látex.

Ao mesmo tempo em que produzia a crítica, a Arte Pop se apoiava e necessitava dos objetos de consumo nos quais se inspirava e, muitas vezes, produzia o próprio aumento do consumo, como aconteceu por exemplo, com a Sopa Campbell que passou a ser mais vendida após ter sido retratada por  Andy Warhol.

Independent Group

O Independent Group foi um grupo de artistas e críticos de arte britânicos, fundado em 1952, no Instituto de Arte Contemporânea em Londres. Seus principais membros eram Lawrence Alloway, Alison e Peter Smithson, Richard Hamilton, Eduardo Paolozzi, Reyner Banham. Eles promoviam uma nova maneira de pensar a arte moderna utilizando novos meios de produção gráfica que surgiam na época, com o objetivo de produzir arte que atingisse as grandes massas.

O grupo se dissolveu oficialmente em 1956 depois de organizar a exibição “This is Tomorrow”, em Londres, na Galeria de arte Whitechapel Gallery. Nessa exposição foi exposta a primeira obra considerada Arte Pop chamada Just What Is It That Makes Today’s Homes So Different, So Appealing?, obra de Richard Hamilton.

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Pincipais artistas britânicos

Lawrence Alloway (1926-1990)

Era um crítico de arte e curador, fazia parte do Independent Group e cunhou o termo Arte Pop, dando nome ao movimento.

Richard Hamilton (1922-2011)

Confeccionou o primeiro trabalho considerado Arte Pop, seu trabalho que foi exposto na This is Tomorrow traz a composição de uma cena doméstica “Afinal, o que fazem nossos lares tão diferentes, tão atraentes?” – na qual um casal se exibe com (e como) os atraentes objetos da vida moderna: televisão, aspirador de pó, enlatados, produtos em embalagens vistosas – foi feita através de uma colagem que tomava emprestadas imagens de anúncios tirados de revistas de grande circulação, anúncios que, mesmo mantendo o sua forma original, no contexto da obra se impregna de outro sentido, que nesse caso é um sentido crítico.
Confeccionou a capa do álbum Branco dos Beatles, que parece a princípio descaracterizado da Arte Pop,  mas que em um detalhe o lembra se enche de sentido novamente: empregou na capa um número de série, tal como produtos industriais, para lembrar que aquilo era mais um objeto de consumo.

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Peter Blake (1932-)

Fazia colagens com temas saudosistas, inserindo imagens de brinquedos e cores mais naturais. É reconhecido por ter feito a capa dos Beatles,  Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band.  Junto com Hamilton foram os representantes da Arte Pop mais signicativos na Grã Bretanha.
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Movimento nos Estados Unidos

Contra cultura

A Arte Pop pode ser considarda no Estados Unidos como um movimento de contra cultura, pois mantinha uma estreita relação com esses movimentos em especial com a chamada Geração Beat, grupo de artistas norte-americanos principalmente escritores e poetas, embrião do movimento hippie, e que inspirou John Lennon, a batizar o seu grupo musical, The Beatles. Ambos os movimentos criticavam ao seu modo o consumismo exacerbado, a exaltação de ícones pop, assim como as guerras e a sociedade midiática estadunidense.

No entanto, a Arte Pop, passa a se distanciar de uma contra cultura quando seus artistas fazem sucesso e passam a provocar reações contrárias as suas críticas como o aumento do consumo de produtos citados nas obras como a Pepsi, sopas Campbell e outros.

Principais artistas estadunidenses

Robert Rauschenberg (1922-2008)

Um dos percussores da Arte Pop nos Estados Unidos, utiliza várias técnicas, com destaque para o silkscreen e a colagem.  Ele utilizava ainda essas tecnicas numa mesma obra e passou a ser conhecido pelas Combine Painting, obras que traziam vários elementos e chocavam por serem formas sem uma clara definição, amontoadas, mas que eram cheias de significado se analisadas em cada detalhe. Nessas obras ele trabalha com recortes, garrafas de coca-cola, animais empalhados entre outros materiais.

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Jasper Johns (1930 -)

JasperJohns um dos mais importantes entre os pioneiros da Arte Pop no EUA. Começou a pintar objetos vulgares como por exemplo as bandeiras, mapas, algarismos. Uma das suas principais obras é a “Três Bandeiras”, em que ele sobrepõe as bandeiras do EUA dando idéia de volume.

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Claes Oldenburg (1929 – )

Oldenburg trabalha basicamente com escultura e talvez seja o mais conhecido da Arte Pop. Ele cria o sentido de coisas imagens, produzindo obras gigantescas e em geral relacionadas a comida, pois para ele o incentivo ao consumo de fast food é uma forma de domínio dos meios de comunicação. ele cria então hamburguers gigantes, assim como sorvetes em cone e faz alusão a tecnologia com tomadas e objetos do cotidiano.

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Roy Lichtenstein (1923-1997)

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Andy Warhol (1928-1987)

 

 

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Legado da Arte Pop

Em 1965, uma mostra intitulada Opinião 65, reuniu vinte e nove artistas, treze europeus e dezesseis brasileiros para estabelecer um contraponto entre a produção nacional e estrangeira – de modo a avaliar o grau de atualização da arte brasileira – a partir das pesquisas recentes em torno das novas figurações.

Antonio Dias foi um dos participantes dessa mostra. Nesse período, de complicada situação política no Brasil, suas obras assumiam um caráter crítico pela simples constatação de alguns elementos: vemos em suas telas soldados, balas, explosões, ossos, cachorros, e mais, genitálias, corações e carnes. Todos esses elementos aparecem de forma recorrente em grandes mesclas em que não sabemos quando um acaba e o outro começa, sobretudo pelo uso das cores (que pouco se aventura além do vermelho, do preto, do branco e algumas vezes do laranja e do amarelo) e pela apropriação – é aí que está a grandiosidade de Dias – das características formais da Arte Pop e das histórias em quadrinhos.

Romero Britto é conhecido como artista pop. Começou realizando trabalhos em grafite, mas suas obras chamaram a atenção das celebridades por sua alegria e sua cor. Ganhou apreço após ter sido convidado a realizar a ilustração de uma campanha publicitária para a Vodca Absolut. Porém, a crítica especializada nunca lhe creditou respeito, julgando tratar-se de um artista cujo trabalho é extremamente determinado pela indústria cultural, sendo impossível distinguir até que ponto seu trabalho deve ser visto como arte ou como prática de marketing. O fato de ser reconhecido como artista pop é discutível. Romero Britto pode ser um artista pop no sentido de agradar um número considerável de pessoas, mas não se enquadra na arte pop, principalmente se considerarmos o conceito original dessa arte, a crítica à massificação.

Atualmente, a estética da Arte Pop voltou a ser valorizada. Suas cores vibrantes marcam presença nas propagandas em geral, moda e produtos.

 

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No entanto, fora do seu contexto original, a denominação arte pop deveria se extinguir, pois, embora utilizasse elementos de consumo, sua estética jamais serviu à ideia de consumo rápido e descartável. Isto é, classificar uma propaganda como arte pop deveria ser um equívoco.

No entanto, é mais uma evidência de que, até hoje, a arte pop agrada pela sua comunicação direta.

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